Katina Belouve - Bitenco

"Ah, Lavínia. Você deveria ser menos quadrada"
Katina lembrava-se perfeitamente, fora um vago "volto logo", mas pudera, ficara dias e dias acompanhando a irmã numa "caçada" a um procurado por uns crimes. E que sina escolhera sua irmã. Saíra do palácio, isso ao menos fora uma grande aquisição no currículo de lábia afiada de Katina.
Primeiro dia de Baldur's Gate. Katina queria conhecer a cidade, e isso fez. Rodou por cada canto, sempre arrastando olhares desejosos, infinitos assovios, e algumas tentativas de cortejo mais diretas, passando pelas mais cortezes às mais chulas. Estas últimas aliás, que mais existiram.
Depois de dias e dias na estrada, estragando seu cabelo, finalmente podia se embrenhar em tavernas, festas nobres do Portal de Baldur, e por que não vez ou outra experimentar a animação da parte sul da cidade, nos arredores do porto. Não era lá muito seguro, mas ela conseguia se virar.
E assim passaram-se três dias. Katina passara as noites em boas estalagens, nunca numa que não oferecesse um bom banho quente e um espelho no quarto. A maioria das partes interessantes da cidade estavam checadas na sua lista mental de lugares a se visitar, e na última noite fora atração dançando umas duas músicas com um militar de alta patente da força da cidade. Pudera ouvir boas histórias e encantar homens e outras raças com as histórias por seus lábios.
Mas o tédio batera em sua porta.
Talvez sua irmãzinha já tenha alguma novidade pra vida dela...
Os raios de sol agonizam para penetrar as grossas cortinas do seu quarto e tocam seu rosto de leve. Como um beijo de despertar.
Katina ainda sentia uma zonzeira, era um bom vinho, e ligeiramente rouca. Bebera e falara muito. Existiam homens demais corajosos por aqui.
A longa noite não fora de todo suficiente.
Ao levantar e afastar a cortina, a dançarina percebe que o sol já é alto e a cidade estava no ápice da sua polvorosa diária.
Três dias eram o suficiente para Lavínia reclamar em suas orelhas, e ainda por cima, havia uma grande feira no caminho do templo de Helm.
Afinal, onde mais estaria sua irmã? Bah...

Katinha aproveitara boas partes, se não as melhores, de Baldur's Gate. Indo de festas em festas, graças aos convites dos homens mais ricos aos mais despojados da cidade. Não que estes fossem a preferência da menina, mas eram os que mais disponibilizavam divertimentos a sua altura.

A garota sabia que sua irmã iria esperara e tentar aproveitar o máximo da cidade, assim como Katina estava fazendo, mas claro que seria de uma forma diferente. E isso, fizera com que inevitavelmente, a irmã mais nova “fugisse” e tentasse se divertir ao seu modo. Visto que a mais velha, com certeza, tentaria fazer com que Katina seguisse seus passos e sua forma de divertimento.

Apesar de tudo, o tédio sempre voltara para seus sentimentos e, quase sempre fizera com que as irmãs se reencontrassem. Desta vez, duraram só alguns dias, até que Katina resolvera encontrar sua irmã. Diferente da última cidade, onde as irmãs ficaram em torno de duas semanas sem se ver. Graças ao divertimento “exagerado” de Katina.

Logo pela manhã, ela já havia se decidido encontrar com sua irmã, onde as duas poderiam falar sobre seus três dias de sumiço e suas pretensões para os próximos. Katina se arrumara bela e provocante, como sempre. E só após de se ajeitar durante algumas horas, ela partia em encontro com sua irmã. Isso, se não houvesse uma feira no caminho.

“Huumm... Que coisa bonitinha.” – Pensava a menina enquanto olhava algumas “jóias” pelo caminho.

Katina via a feira de uma cidade como uma grande cesta de milhares de possibilidades, e andava pelas ruas principais com os olhos espertos captando qualquer elemento que a chamasse atenção. E ia parando para cheirar flores, brincar com gatinho um gatinho na banca de manufaturas... Visto que ela atravessava a feira no sentido sul-norte, a menina reparava que o "nível" dos itens vendidos aumentava, até nesse sentido o nivel social da cidade era estampado, mas as pessoas vagavam para cima e para baixo, exceto as que se auto-impediam de acessar um lugar ou outro.

A moça vira bancas de caça, cereais, tecidos, comidas, peças estranhíssimas que certamente não gostaria nem de saber do que se tratavam. Via vez ou outra os sempre espertinhos punguistas-mirins a treinar suas habilidades, e ela se divertia com essa diversidade e o saudável caos desses aglomerados de curiosos e famintos por qualquer coisa que alterasse ânimos. Katina fugia de olhares e brincava com outros. Usava sua imagem deliberadamente, todos gostavam: ela; e os homens dos arredores. Assovios choviam, e observações chulas quanto à sua formosura eram proferidas aos brados pelos que optavam por uma aproximação menos delicada.
Entre todos os elementos que compunham esta bagunça, Katina ainda andava, seguindo na mesma ruela de bancas, na direção do templo aonde provavelmente sua irmã estaria.

[se estiver procurando alguma coisa em especial.. me diga]

-=-=-
OFF: Nada em especial, apenas fazendo o papel de qualquer mulher... Olhando.

-Vamos, Dona Maria, traga a bacia. Venha experimentar a melhor melancia. (

Estas e outras frases eram ouvidas frequentemete, e nada no caminho parara a bela moça por mais que alguns poucos minutos. Alguns adornos bonitinhos, alguns tecidos aparentemente raros, nas bancas mais caras, bardos cantando historias fantasiosas para atrair peças de cobre, e nada demais.

Em algum tempo de caminhada já alcança visualmente o grande templo de Helm. Era uma construção maciça erguida em grandes blocos de pedra clara, com uma nave retangular, marginada por belas pilastras roliças da mesma pedra. Sua altura era semelhante às altas árvores que via pelo caminho, e aos arredores fulguravam verdes jardins, bem cuidados, mas sem nenhuma beleza exuberante. Eram um tanto sóbrios.

A face frontal do templo emoldurava uma imponente portal de madeira grossa, que permanecia aberto durante o dia, mas era fortemente reforçado com grandes placas de metal escuro. Dois guardas permaneciam de pé do lado de fora do portal. E através dele, distinguia-se um salão.

Katina parava em frente ao templo, apenas contemplando sua beleza, mas nada que combinara com ela. Ela gostava de coisas mais coloridas e vivas. E alí, não era exatamente isso. Mas sem esperar que alguém viesse lhe cortejar e convidá-la para entrar, a menina entra.

"Será que ela ainda está aqui? Mesmo com este tempo bonito?"

Katina para por alguns segundos em frente ao templo e considera estes homens de Helm sem-graça demais para ela. Realmente tinha gente que desperdiçava talento nessas bandas.
A escada frontal era grande, e só depois de cansativos muitos degraus, a moça atinge o primeiro patamar, marginado por duas altas colunas que se erguiam até o teto. Mais um degrau e tinha vencido o portal de entrada. Os guardas da frente não se deram o trabalho de virar o rosto um milímetro, mas ela pudera ver um deles se esforçando em segui-la com os olhos.
Katina adentrara o templo e agora estava num salão retangular com o teto alto que terminava numa cúpula abobadada, da onde um grande candelabro pendia do ponto mais alto.
À sua direita estava um arco de aproximadamente três metros e meio de altura, que dava num outro salão com bancos e um belo altar ao fundo. Do lado esquerdo havia uma porta retangular da mesma altura, de madeira negra com reforços de faixas de aço, que estava fechada. Olhando para frente podia ver as paredes do salão dando abertura a mais algumas portas. Algumas abertas, outras fechadas.
À medida que andava, Katina podia ver que um das portas abertas davam para o pátio externo, que era jardinado do mesmo jeito sóbrio. Pelas outras portas, alguns homens sentados em mesas de trabalho ou discutindo contidos de pé.
Uma das portas fechadas tinha um homem postado ao seu lado, e constantemente rangia nas dobradiças. Aparentemente ela dava para a parte privada do templo.
Ao fundo do enorme ambiente, uma escada discreta dava num patamar superior, onde haviam apenas duas portas que se incrustavam na parede mais distante da entrada.

Então, estando parada ali por algum tempo contemplando o ambiente, um homem vestido nitidamente a trabalho, se aproxima de você com um olhar inquiridor, mas não ofensivo. Ele portava um peitoral de aço aparentemente usado durante um bom tempo, com marcas de uso contínuo, e uma maça pesada no cinto. O homem, com o símbolo de Helm ao peito, pergunta mecanicamente:

-Procura algo em especial senhorita? Ou veio dedicar preces à Helm?

E espera a moça falar, duvidando bastante da possibilidade de uma resposta positiva à sua segunda pergunta.

Katina não continha a risada ao passar pelo portal do templo. Ela sempre se deliciava com os olhares e os esforços que os homens faziam para admirá-la. Mas logo ela volta a sua expressão normal ao caminhar templo adentro.

Ao se distrair procurando sua irmã, Katina é abordada por um dos clérigos do templo, que a faz abrir um pequeno suspiro de susto.

- Assim você me deixa toda arrepiada... Procuro algo especial? Acho que sim. E parece que acabei de achar.

As palavras são pronunciadas junto a um passar de mão no peito do clérigo e uma volta em seu corpo.


-=-=-
OFF: Não sei se eu rolo diplomacia ou blefar para a "sedução". Então, vo rolar um dado, se for belfar some +11 e, se for diplomacia some +12.

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19

O rapaz a princípio de assusta com a reação da moça, arregalando ligeiramente os olhos, mas logo ele se recompõe. Num gesto, sem tocá-la, ele faz menção de afastar a mão feminina tão invasiva para aquela ocasião.
Após alguns segundos sem entender muita coisa, o jovem se empertiga:

-Er... Perdoe-me, senhorita. Mas creio que deva estar enganada. Está a procurar alguma coisa ou apenas viera visitar o templo?

Katina percebe que há uma firmeza em sua voz tão tênue quanto a superfície de um lago em repouso.

Parando em frente ao clérigo, agora um tanto desanimada.

- A... Você não sabe aproveitar o que é bom não...?

Antes de completar sua pergunta, a menina esperava que o rapaz concluísse a mesma com seu nome.

- Então [nome-do-rapaz], procuro por minha irmã, Lavínia. Ela se hospedou neste templo há uns três dias, se não me engano. Você não há viu por ai?

Sem mesmo mencionar os traços de sua irmã, Katina esperava que o mesmo a conhecesse. Caso não, ela não estava fazendo jus a sua beleza. E seus dias “desaparecida”, ainda seria pouco.

-João, senhorita... Me chamo João.

...

-Sim, claro. Lavínia. A vi pelos corredores mais cedo. Por favor, acompanhe-me...

Neste momento, um borrão metálico passa correndo por vocês, e instintivamente João a segura pelo braço, tirando-a do caminho do rapaz apressado. O corredor irrompe por uma porta e acaba sendo barulhento demais, destoando com a aparente ordem do local, e some no interior do templo.

Ligeiramente encabulado, João solta a mão do antebraço de Katina delicadamente.

- Er... Perdoe-me, senhorita. Como dizia, siga-me, vamos encontrar sua irmã.

Então João caminha em direção à mesma porta que o apressado havia entrado, seguindo-o, Katina viu que a passagem dava para uma parte do templo reservada aos que trabalhavam por ali. Era um corredor de pedra cinzenta com compridas janelas que davam para um jardim lateral, haviam bancos também de pedra ao longo da passagem, e portas se abriam do lado oposto ao do jardim.

Ele pede que ela aguarde num destes bancos, e entra por uma das primeiras portas.

- Não precisa se desculpar. Eu adorei!

A menina abria um sorriso sedutor ao falar suas últimas palavras. Mas logo o clérigo já seguia sem dar muita atenção a mesma. Então, sem perder a animação, a menina enfiava o braço entre o dele e o seguia sorrindo.

- Tudo bem. Eu prometo que vou me comportar.

Katina seguia até o jardim acenando com os dedos enquanto saía.

Katina anda em direção ao jardim e sente em seus pés o som da grama baixa sendo amassada. Não era um jardim frondoso ou extremamente florido, mas era bem cuidado para a proporção de homens naquele templo.
A área verde era quase semi-circular, ou ovóide, divisada pela parede com janelas estreitas, pela qual passara por um arco, e pelo muro de pedra do lado oposto, que provavelmente era a divisa dos fundos do templo, ou assim parecia.

No centro do jardim havia um círculo de pequenas florzinhas plantadas metricamente equidistantes e dentro deste havia um belo ramo de algum vegetal que no momento possuía alguns botões de flor extremamente brancos, e alguns eram róseos. Ainda não se abriam por completo, mas emanavam um odor leve e doce, que chamou a atenção da moça.
Provavelmente era aquela a mais bonita flor de todo o canteiro. E Katina não pôde deixar de se curvar e sentir o odor mais de perto.

Katina seguia contornando todo o jardim. Mesmo este sendo pequena, a garota demorara um tempo até dar a volta completa. Tudo parecia calmo e sem graça de mais para a espevitada garota. Mas apenas uma flor chamara a atenção em meio aquele jardim nostálgico.

- Você me lembra de quando ainda morava lá!

Pensava em voz alta enquanto sentia o odor da bela flor.

Ao se abaixar sobre a flor e apreciar seu odor, Katina ouve alguns sons duros de uma pesada porta rangendo e alguns passos. Curiosa como era, ela se vira e se depara com sua irmã. Estava usando sua armadura de todos os dias, mas ainda bela como veio ao mundo.