Kain BlackBlood - |Zero|

Kain carregava alguns legados pela vida toda: O legado demoníaco em seu sangue, e o legado aventureiro em seu coração. Estas heranças moviam as forças do jovem para frente na vida. Vida longa, que deveria ser desfrutada e explorada. Era isso que buscava.
O estranho demônio de olhos vermelhos cresceu numa barulhenta taverna, aprendeu a se defender com armas, a se virar com arames retorcidos e principalmente a cobrar a conta de fregueses "esquecidos" e embriagados. Mas um dia seus limites precisaram ser quebrados, seus olhos pediam outros horizontes, novidades e motivos para continuar nessa empreitada incansável de conhecer, desbravar, viver como seus pais. E por que não mais e melhor?

Era agora um aventureiro, no mais fiel sentido da palavra. Saíra do conforto do lar e de seus pais para buscar aventuras, emoções, uma nova forma de olhar o amanhã. E assim fizera: andara vagando na direção que lhe desse mais dinheiro e emoção, seguindo caravanas e protegendo-as, seguindo grupos mercenários e ganhando parte dos espólios, participando de incursões a tenebrosas catacumbas e abandonadas ruínas.

De descanso também vive o homem, ou o homem de olhos estranhos... que seja.
Sua última cansativa jornada fora morosa e sem-sal. Imaginara que atravessar os Campos Verdejantes (greenfields) das Terras Centrais do Ocidente fosse um tanto mais excitante do que ele pessoalmente experimentara. Estariam errados os bardos em dizer que em toda aquela vastidão haviam grupos de criaturas estabelecendo rotas de saque nas poucas caravanas de comercio que lá passavam?
Claro que combateram algumas tentativas. Mas apenas três grupos de saqueadores desorganizados, num tempo bem amplo. Nem se lembrava mais quantos dias andara naquelas áreas.
Greenest fora uma novidade, mas nada que exaltasse ânimos. Era uma bela vila, organizada dentro de uma paliçada, se aproveitando dos viajantes, entre o sul daquela área até Berdusk, caminho para a vil Costa do Dragão.

Alguns dias de descanso e partiu novamente, rumando a sul, terras que antes não conhecera, e gravara as novidades em sua mente. Vira no horizonte o que parecia ser uma grande floresta, a ele apresentada como "Floresta dos dentes afiados", deveras interessante. E ao longe, uma cadeia de montanhas que o seguiu por vários dias até Nashkel, e depois até meio caminho de Beregost. Eram os Picos Enevoados (cloud peaks), segundo haviam lhe dito. Eram lugares que ainda haveria de ir... Ah, se haveria!

Beregost havia chegado. Era fim de tarde, o sol ainda agonizava tingindo o horizonte de rubro-alaranjado. Kain recebera seu ordenado pela última parte da viagem e agora tinha uma nova cidade para passar um tempo antes duma nova oportunidade, de preferência longe de Greenest e do caminho para lá...

-Bem vindo a Beregost! - Dizia seu ex-contratante enquanto entregava-lhe as peças de ouro - não gaste todas com mulheres!! HAHAHA - sua risada gutural o lembrara o quanto seria bom não ter mais que ouví-la.

Com um largo sorriso e apertando a mao de seu antes contratante Kain diz:

- Esta é uma das minhas primeiras metas senhor! So preciso achar uma Taverna que possua boa cerveja e belas senhoras.. ( olhando para os lados e vendo um dos homens que auxiliavam na descaga das provisões trazidas) e conhecerei uma em poucos instantes..

Apos falar a ultima frase ele da dois tapas no ombro de senhor com quem conversava e tira 1 po da bolsa recem entregue, caminhando entao ate o ajudante e pergunta:

- Ola caro amigo, gostaria de saber se o senhor, ou algum de seus amigos, podem me informar aonde posso encontrar a melhor taverna e hospedaria da cidade, em troca e claro de uma devida recompensa pelo vosso esforço.. (Passando a moeda de ouro pelos dedos em um movimento que se repete graciosamente)

O homem era alto e careca, tinha uma compleição física assustadora e olha para Kain sem muito interesse, até ver a moeda cintilando nos dedos do meio-demônio.

-Er... Claro, companheiro. Aqui perto das docas existem algumas boas estalagens, com belas garotas... é isso que procura também, não é?

Diz o homem enquanto exprimia um rude sorriso.

-Mas o material dos finos o senhor deve achar mais na parte da cidade alta. Lá ficam as melhores tavernas, com quartos luxuosos. Claro que eu nunca bebi muito por aquelas bandas antes de ser escurraçado por ter pouco dinheiro.

O homem então coloca no chão um grande saco de farinha que havia mantido no ombro durante a conversa, e agora mantinha as mãos na cintura. Como que esperando a moeda.